Storytelling: das narrativas para a significação da aprendizagem
Resumo
No presente trabalho, traremos reflexões acerca da vivência com Storytelling, estratégia metodológica utilizada em disciplinas no ensino superior, nos cursos de graduação em Letras e Pedagogia. A contação de histórias acompanha o ser humano desde os primórdios: a fogueira já foi parceira de muitas narrações, assim como o chimarrão o é hoje, em muitos círculos de convivência no sul do país. Outras pessoas, com o smartphone na mão, contam fatos da vida no Facebook. Formas e contextos distintos, mas que expressam o desejo e a necessidade do ser humano de narrar-se e de ouvir o que o outro vive e o que tem para contar. Tomando conhecimento deste cenário, das histórias que atravessam os tempos e unem o passado ao presente, buscamos em Storytelling o apoio para inovar a metodologia em sala de aula, partindo do respeito e da valorização das histórias individuais para a escrita de histórias coletivas. Nas aulas de Literatura Infantil e Brasileira I, dos cursos de Pedagogia e Letras, os estudantes são desafiados a contemplar suas histórias, escrevê-las e compartilhá-las com as colegas e plataformas da web. Todavia, a intenção do Storytelling ultrapassa a contação de fatos da vida dos acadêmicos e criação de um texto. Pelo menos, mais duas competências relevantes são exigidas no momento da produção escrita: análise e síntese dos conteúdos estudados em aulas anteriores e a abertura para ouvir a crítica dos colegas em relação à narrativa. A dinâmica do Storytelling segue a sequência: definição de dias para registro e compartilhamento de autorias; registro e síntese dos conteúdos trabalhados em aula; revisitação dos capítulos da vida para extrair fatos que, naquele momento, merecem ser narrados; produção escrita, postagem na página de facebook; socialização do texto e diálogo sobre o mesmo, análise dos critérios adotados na produção. A atividade exige dos acadêmicos o engajamento nas discussões em sala de aula, a disposição para a autoria, o aprimoramento da competência leitora e escrita e, além disso, no âmbito das habilidades socioemocionais, a disposição para o compartilhamento de histórias, superando a vergonha de “expor-se”, o desenvolvimento da empatia com as histórias alheias, o aprimoramento da competência argumentativa para expressar críticas. E, assim, a palavra exigência transforma-se, rapidamente, em prazer em escrever, compartilhar, em querer saber do entrelaçamento dos conteúdos perceptível pela diversidade de olhares, de querer saber mais sobre os colegas para, conhecendo-os, respeitá-los e tecer saberes em equipe. A vivência na sociedade do desempenho, nos mostra que a contação de histórias pode ajudar os sujeitos a construírem suas identidades individuais e grupais. Storytelling , nas aulas de ensino superior, é uma possibilidade de ajudar as pessoas a se descobrirem, a se fortalecerem e a dialogarem sobre o sentido verdadeiro da vida: sede de muitos jovens e adultos com os quais convivemos diariamente.